Os atravessamentos econômicos em algumas narrativas sociais durante a pandemia do coronavirus: sociedade, serviço público e educação.
Autores: Alex Dias Curvo, Antonio Cleber Zequetto e Maria Teresinha Dias Curvo.
Neste cenário
os servidores Técnicos Administrativos em Educação da UFMT, podem não ter sidos
afetados diretamente, considerando que seus proventos não foram cessados, no
entanto uma das medidas do governo para segurar os impactos econômicos da
pandemia, foi congelar os vencimentos destes trabalhadores por 24 meses (2
anos), fato este, no longo prazo, gera um desequilíbrio financeiro por causa da
inflação.
Outro aspecto
neste contexto são as famílias dos servidores, que muito facilmente podem fazer
parte deste grupo de pequenos empreendedores que perderam sua renda
abruptamente diante da crise, este fato pode ter gerado uma mudança no
planejamento financeiro de suas famílias, os levando a privações e uma
reorganização de seus hábitos cotidianos, uns de forma considerável outros nem
tanto, em todas essas situações econômicas se gera um desconforto emocional.
E quando
olhamos para a geopoética das paisagens, entendemos uma mudança no espaço de
trabalho, adequações no desenvolvimento de suas atividades, pois as atividades
laborais foram para dentro de casa (Homeoffice), podendo ter aspectos
positivos, tais como: o não enfrentamento do trânsito em seus translados
diários para chegarem em seus locais de trabalho, a comodidade de realizar suas
atividades em casa, mas por outro lado essa mudança de paisagem traz aspectos
como, dificuldade de se organizar com toda a família em casa por conta do
isolamento social, maiores despesas de energia, alimentação, ou até mesmo a
falta de estrutura física para o desempenho de suas atividades. Uma vez que os
servidores já estavam acostumados com suas paisagens diárias de trabalho e suas
casas eram consideradas lares, um lugar de descanso, lazer e convívio familiar.
Então surgem
reflexões: o que vivíamos antes era melhor? Os impactos econômicos negativos
cessaram logo? Como lidar com grandes mudanças? Como entender o sensível e
compreender o outro, fazendo da coletividade a chave para o atravessamento
econômico? Essas indagações nos levam a um estado de questionamento que talvez
não tínhamos antes.
Desta forma
percebemos o surgimento do novo normal e os servidores estão incluídos nesta
nova realidade, adequações em suas rotinas, em seus planejamentos familiares,
convívios, uma vez que antes existia o contato diário com o público interno e
externo. Diante disso cada um carece de perceber a sensível realidade nessa
nova organização da sociedade para trazer consolo em suas ausências e buscar
novas perspectivas para o futuro.
A educação financeira como alternativa para readequações
É neste
momento que se percebe como a falta de uma reserva financeira pode impactar nas
decisões e nas adequações em momentos de crise. Com o isolamento social muitas
pessoas que ficaram desempregadas ou tiveram seus rendimentos significamente
reduzidos estão desestabilizados. O
impacto desta onda reflete diretamente em inúmeros setores da economia, sendo o
comércio varejista, turismo e aviação os mais afetados, provocando assim a
desaceleração dos empregos no Brasil e a perda da renda e subsistência para
muitas famílias que dependem exclusivamente do trabalho assalariado.
Apesar de
haverem sido criadas medidas provisórias como o fomento de linhas de créditos
pelo Banco Central em parcerias com as instituições financeiras para incentivar
o desenvolvimento de serviços locais e medidas provisórias sancionadas pelo
governo para reduzir os impactos sobre a renda de muitas pessoas, se levanta
uma questão pouco refletida entre os brasileiros: como está a sua reserva de
emergência? A reserva de emergência financeira é a destinação de parte dos
recebimentos para imprevistos e necessidades urgentes, através de uma aplicação
planejada do dinheiro. Configura-se uma segurança importante em relação ao futuro,
como as instabilidades que surgem durante a crise sanitária mundial provocada
pelo coronavirus. Algumas pessoas mesmo
que tiveram reduções de seus recebimentos ou mantém seus empregos estáveis têm
certa segurança nesse momento de incertezas. No entanto há muitos que ao
perderem suas ocupações são surpreendidos por esta nova realidade. A reserva de
emergência é talvez o sonho de muitas pessoas que desejam ter mais estabilidade
financeira e não ser mais reféns de suas más escolhas, dívidas contraídas
dentre outros dilemas como as surpresas e intercorrências provocadas pelo novo
coronavirus. Ao invés de ficar inerte e entregue à própria sorte diante desta
situação alguns hábitos podem ajudar a desenvolver mais consciências sobre o
uso do dinheiro.
Segundo a especialista
em educação financeira e planejadora financeira Jaqueline Metzner, o
imediatismo e as escolhas intertemporais que fazemos para viver o hoje e agora
acabam gerando em muitas pessoas o mau hábito de gastar mais do que precisam e,
portanto, não conseguem criar uma reserva. Para se iniciar é preciso ter um
objetivo em mente, ou seja, um propósito e assim começar a desenvolver novas
escolhas reduzindo os gastos desnecessários para desta forma poupar parte do
dinheiro, reservando-o para os imprevistos. Não importa o quanto se ganha, mas
sim o que se faz com o que se ganha. Fazer o diagnóstico financeiro um passo
para se obter um olhar mais detalhado da sua realidade financeira, fazendo-o
através do registro de todos os gastos por um período de até trinta dias, para
então perceber se há algum item que pode ser retirado, desacelerado ou eliminado
do orçamento.
Sobretudo,
neste cenário de muita escassez muitas pessoas perderam seus empregos e já não há
mais renda para administrar tampouco para se iniciar uma reserva. Por isso, é
preciso ter cautela para não se endividar ainda mais, e sim buscar alternativas
mais solidárias e compartilhadas para se manter. Percebe-se a necessidade de agir ainda mais em
cooperação, uma ajudando outro, valorizando mais pessoas e não as coisas. O altruísmo
perde espaço para a solidariedade e as pessoas se organizam naturalmente para
reagir às calamidades umas das outras, ajudando-se mutuamente. Esta é sem dúvida
uma grande transformação cultural pela qual todos estamos sentindo e
aprendendo.
Compreender as perspectivas dos jovens do ensino médio sobre o futuro e
trabalho, após a pandemia do coronavirus.
O impacto da
crise sanitária na educação não foi diferente. Sabemos que a educação pública
no Brasil, especificamente no Mato Grosso sempre se apresentou deficitária em
todos os aspectos. Com a chegada do coronavirus ficou ainda mais complicada. Os
estabelecimentos de ensino suspenderam as aulas presenciais como medida de
proteção e isolamento social. Em Mato Grosso, assim como em outros Estados, os
governantes decidiram retomar as aulas de forma virtual, e os estabelecimentos
de ensino adotaram o método de educação a distância, para dar continuidade à
aprendizagem dos estudantes.
Entretanto, os alunos da rede pública
enfrentam inúmeras vulnerabilidades para ter acesso às aulas virtuais, pois a
maioria não dispõe de computadores e internet de qualidade e outros recursos
básicos para desenvolver uma aula que garanta o mínimo de aprendizado. A esses
que não tem acesso à internet, o ensino será efetuado por meio de apostilas,
situação em que supostamente, eles teriam o auxílio dos pais. No entanto, uma
parcela significativa desses pais, não tem tempo, pois necessitam trabalhar
para garantir o sustento da família, ou não detém o conhecimento minimamente
necessário para auxiliar seus filhos a entenderem os textos e realizarem as
atividades solicitadas. Aqueles que tem acesso à internet, também enfrentam
dificuldades, pois, além de ser uma novidade à qual todos - alunos e
professores - estão se adaptando, o acesso é bastante restrito. A maioria só
dispõe de um celular que não tem as configurações nem internet compatíveis ao
uso do aplicativo disponibilizado pela Secretaria Estadual de Educação.
Por outro lado, a educação à distância esbarra também na dificuldade que os profissionais da educação estão encontrando para ministrar uma aula de qualidade, em detrimento da falta do conhecimento necessário sobre as mídias digitais, de não possuírem equipamentos, como computador e celular adequados e não estarem preparados para esse novo método de ensinar. A maioria dos professores concorda que esse modelo de ensino dificilmente dará certo, pois além de todas as dificuldades elencadas, não é um método inclusivo, deixando muitos educandos sem a assistência necessária.
Diante desse “novo normal” na educação, fica o questionamento: Com tantas dificuldades que esses educandos já enfrentavam e que agora se agravou imensamente, qual será a perspectiva deles em relação ao seu futuro profissional?
Interessante a relação obtida com os temas educação financeira, jovens e serviço público. Também deu para observar que o texto foi feito a 6 mãos, conforme o indicado
ResponderExcluirGostei do tema, porém, como toda mudança traz inquietações vivemos na era digital literalmente, e esse conhecimento sobre midias digitais veio para ficar, ou seja como a estrutura do sistema educacional não estava preparado para o enfrentamento do momento é previsivel que isso será repensado.
ResponderExcluirCertamente esta pandemia acelerou a transformação digital em todos os âmbitos da sociedade! Apesar de muitas adaptações necessárias há muitas oportunidades...
ExcluirPequenas empresas sofreram muito com a pandemia, porém não são os únicos. Indiretamente técnicos administrativos da UFMT terão seus vencimentos congelados por 24 meses.
ResponderExcluirHouve portando mudanças na rotina do brasileiro, aulas online (muitos que vivem de forma vulnerável não poderão acompanhar essas aulas).
O tema Educação Financeira abordado pelo texto é de grande importância para o debate, pois o seu pouco desenvolvimento, e até seu desconhecimento, traz um agravamento aos efeitos econômicos da pandemia a muitas famílias brasileiras.
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