SUPERAÇÃO POR MEIO DA COOPERAÇÃO
Autores: Alex Dias Curvo, Antonio Cleber Zequetto e Maria
Teresinha Dias Curvo.
A
experiência da pandemia tem demonstrado que a cooperação se tornou ainda mais
relevante para se superar momentos de crises e adversidades.
Para
Holyoake (1972) funciona como um telescópio necessário para as pessoas se
conectarem e viver.
Ao
ampliarmos a visão sobre como as ações coletivas podem ajudar a sociedade
global a desempenhar melhores soluções para os problemas vigentes entendemos
que as questões econômicas, sociais, culturais e ambientais fazem muito mais
sentido quando pensadas e elaboradas a partir de discussões mais inclusivas e
democráticas.
Nesta
percepção e de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), as cidades têm um papel importante a desempenhar nesta
governança colaborativa, visto que a crise sanitária provocada pelo coronavirus
expôs de forma marcante a desigualdade entre pessoas e lugares, especialmente
nas grandes cidades, onde grupos vulneráveis como migrantes, pobres, mulheres e
idosos foram duramente atingidos. Há abalos significativos sobre os dilemas do
aumento da fome e desemprego provocados pela escassez de recursos e pelo
isolamento social que afeta drasticamente inúmeros setores que promovem o
desenvolvimento econômico sustentável. As palavras de ordem são resiliência, seja
para consentir e buscar soluções que contribuam para a redução destes impactos
ou para reaprender um novo ritmo neste ambiente caórdico (1) que se instaura
e a solidariedade para se aproximar pessoas e contribuir para que
movimentos mais pacíficos desacelerem o massacre que a competição e disputas
por poderes políticos, sociais econômicos entre países e etnias fazem
eclodir.
Diante
de todos os impassem políticos que existem entre as nações mais hegemônicas
incluindo China, Estados Unidos, países do oriente médio, entre outros, há uma
nova lógica que desafia as relações exteriores sendo necessária – anularem-se
as estratégias de rivalidades e a organização de uma nova dinâmica que impõem
correr riscos para defender a ordem internacional e trabalhar em conjunto na
busca pela superação e soluções benéficas para ambas as partes. Este é um
debate que certamente irá se perdurar no mundo pós pandemia.
Estes
abalos provocados na economia e na vida em sociedade que deixaram os sistemas
de proteção e saúde cada vez mais enfraquecidos diante do incerto, incluindo
países mais ricos e influentes, fez emergir um mundo completamente distinto,
onde o neoliberalismo deixa espaço para que as intervenções estatais possam
apoiar especialmente a lógica de emancipação e protagonismo das cidades. O
despertar da valorização local, do empreendedorismo e ações voluntárias se
mostram aliados da recuperação social e econômica.
Este
tem sido um compromisso das Organizações das Nações Unidas (ONU), que em 2020
completa 75 anos de existência, na busca por promover ações humanitárias em
defesa dos direitos humanos, paz e segurança para as pessoas no mundo e que
nesta pandemia está realizando uma conversa global sobre o papel da cooperação
internacional na construção do futuro que queremos. São propostos diálogos
presenciais e uma pesquisa online que ajudarão a melhorar a gestão
internacional dos temas globais que exigem uma cooperação entre fronteiras,
setores e gerações, necessária para termos um mundo mais seguro, justo e
sustentável para todas e todos. O projeto envolve altas lideranças mundiais e
dirigentes na busca por ações mais concretas para mudança que se espera para o
mundo (ONU, 2020). A pesquisa que leva em média 1 minuto para ser respondida
pode ser acessada em português através do link: https://un75.online/?lang=prt.
Neste
contexto, há ainda um movimento mundial conhecido como pacto global para a
sustentabilidade, também liderado pela ONU, que dialoga com as nações para
incentivar e implementar uma agenda de compromissos mútuos a fim de combater a
pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar para todos, bem como contribuir
para a preservação do meio ambiente e ajudar a enfrentar as mudanças
climáticas. Este acordo internacional prevê 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) envolvendo todos os aspectos da sociedade.
Com
efeito, as ações em prol da solidariedade, do coletivo surgem como
protagonistas para o acolhimento das pessoas em situações de risco e
principalmente os mais vulneráveis e que ao exercitar mais empatia uns pelos
outros promove-se o diálogo como uma das alternativas mais coerentes para o
enfrentamento dos desajustes sociais e políticos instaurados.
Muitos
trabalhadores, ficaram a mercê dos impactos pandêmicos, sem trabalho, sem
direção, sem perspectiva, principalmente os informais e os comerciantes. Já os
servidores públicos, inseridos em uma “estabilidade”, bastante discutida pelo
governo atual, que os toma como inimigos num aspecto ideológico, foram muito
criticados, por não perderem seus cargos e salários garantidos pela
constituição e por muitas vezes, considerados como entraves no desenvolvimento
da economia, mas aos poucos, de uma certa forma, muitos perceberam que grande
parte dos que estavam na linha de frente ao combate do vírus, eram servidores
públicos, passando por várias dificuldades, longe de suas famílias, lutando por
suas vidas e pelas vidas dos contaminados. Em muitos casos carecendo negar
atendimentos por falta de espaço físico e materiais, resultado de uma disputa
ideológica, onde uns acreditavam na voracidade do vírus e outras a tratavam
como uma “gripezinha”.
Diante
disso, a percepção sensível das paisagens, ganha um novo sentido, entendemos
que o Estado é fundamental para um atravessamento desta magnitude, percebemos
que a coletividade inserida na geopoética, ganha novos olhares na percepção do
outro, um sentimento empático, ganha proporções não vista há muitos anos, ou
seja, novas perspectivas surgindo diante do caos instalado, uma sociedade mais
pró-ativa em relação ao outro e um pouco menos egoísta, mesmo sem ter o
semblante tão esperado dos governantes.
A
educação no país, principalmente a educação pública, também sofreu bastante com
os impactos pandêmicos, que por sua vez, ficou evidente a falta de políticas
públicas eficazes para o atravessamento de situações calamitosas, como uma
pandemia. Um exemplo disso, seria o Ministério da Educação, que nesta época, tinha como Ministro um senhor que
estava mais preocupado com disputas ideológicas e com debates vazios nas redes
sociais, do que com a própria educação, deixando a comunidade acadêmica sem
rumo. Por um período de tempo as aulas ficaram suspensas obedecendo as
recomendações sanitárias de isolamento social em combate ao avanço do vírus,
depois de algumas discussões e com a retomada das atividades nas escolas
privadas por meio de aulas síncronas, as Secretarias de Educação dos Estados
começaram a dialogar sobre a retomada das aulas virtualmente, até que isso se
tornou realidade, com o retorno, surgem novos obstáculos. Sem preparo, sem
planejamento, sem conhecimento digital suficiente e sem os instrumentos para
ministrar aula por meio de aplicativos, os professores enfrentam um mundo novo
e cheio de percalços. A maioria dos alunos, por sua vez, não possuem os meios
necessários para o acesso às aulas virtuais. O impacto da pandemia afetou
também as escolas particulares, porém, de maneira menos significativa, pois rapidamente
se organizaram e iniciaram as aulas síncronas, devido possuírem mais recursos.
Neste
sentido, as sociedades cooperativas constituídas ao redor do mundo existem para
minimizar as desigualdades sociais, culturais, econômicas nas regiões onde
atuam para fortalecer o desenvolvimento local. As principais ações das
cooperativas se concentram em atender e satisfazer as necessidades dos seus
membros, alicerçados por valores e princípios que dialogam com as nuances do
cotidiano das pessoas. Desde as primeiras constituições, em meados do século
XIX, funcionam como instrumentos de transformação social e econômico, através
da solidariedade compartilhada. Seja por meio da transformação econômica
através da valorização das comunidades onde atuam, pela inclusão financeira que
as cooperativas financeiras promovem aos seus membros e comunidades ou as
recuperações em regiões que sofrem tragédias ou desastres naturais, cada
cooperativa atua com a missão de servir e contribuir para melhorar a qualidade
de vida das pessoas!
REFERÊNCIAS:
HOLYOAKE, G. J. Os 28 tecelões
de Rochdale (história dos probos pioneiros de Rochdale), Fon-Fon e Selecta, Rio
de Janeiro, 1972.
(1) https://cocriar.com.br/biblioteca/inovacao-organizacional/modelo-caordico/ acesso
em 22/08/2020
A dimensão geopolítica da
pandemia de coronavirus <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312020000200308>
Cities policy responses
(Respostas da política de cidades <http://www.oecd.org/coronavirus/policy-responses/cities-policy-responses-fd1053ff/>
acesso em 21/08/2020
https://nacoesunidas.org/onu-convida-brasileiros-participar-de-pesquisa-online-sobre-o-futuro-que-queremos/ acesso
em 21/08/2020
https://nacoesunidas.org/pos2015/ acesso
em 21/08/2020
https://www.woccu.org/newsroom/covid19_resources?post_id=1922#1922
Nova ordem mundial ganha forma
na era do coronavírus <https://www.jornaldenegocios.pt/economia/mundo/detalhe/nova-ordem-mundial-ganha-forma-na-era-do-coronavirus>
acesso em 21/08/2020
O liberalismo morreu de covid?
<https://exame.com/blog/joel-pinheiro-da-fonseca/o-liberalismo-morreu-de-covid/>
acesso em 21/08/2020
Peace, Conflict, and COVID-19
(Paz, conflito e COVID-19) <https://www.cfr.org/article/peace-conflict-and-covid-19> acesso
em 21/08/2020
Parabéns ao grupo pelo texto.
ResponderExcluirVisão de mundo muito interessante, fiquei interessada em ler mais sobre os papéis que as cidades desempenham neste cenário de pandemia. Infelizmente são o palco onde as desigualdades emergem e na pandemia isto ficou muito mais evidente. Parabéns pelo texto, vou aproveitar a oportunidade para me aprofundar mais neste assunto.
ResponderExcluirO grupo escolheu um número reduzido de itens temáticos para compor o texto e conseguiu concisão e fechamento. Compreendi perfeitamente a ideia. Também gostei de que aproveitaram para inserir um link direcionando para uma pesquisa.
ResponderExcluirAcredito ser interessante a proposta do texto pelo viés de apresentar proposta e não ficar apenas no universo das críticas.
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