Novos sentidos do isolamento social
Autores:
Alex Dias Curvo, Antonio Cleber Zequetto e Maria Teresinha Dias Curvo.
Encontramos
nos estudos culturais fundamentos para compreender os modos como a sociedade
tem transformando seus múltiplos saberes em novas experiências. Os processos
globalizadores acentuaram ainda mais a lógica de uma intercultura que cria
novos meios, fluxos e interpretações nos modos de viver consumir e produzir.
Os
princípios da autogestão, da educação e economia solidária, que são aspectos
importantes na dimensão da vida compartilhada, se apresentam como uma nova
direção para o cenário híbrido que as recentes transformações comportamentais
provocadas pela pandemia fizeram emergir na nova modernidade. É possível
perceber que novos sentidos têm sido dados às questões de trabalho, emprego e
sociabilidades, visto que as dificuldades e reajustes em escala global
remodelam os estilos de comunicação, ensino e consumo. O “ficar em casa” começa
a criar ainda mais intercâmbios culturais, autonomia nos processos que outrora
se vislumbrava apenas presenciais, digitalização de todos os processos de
relacionamento e ensino-aprendizagem, como também intensa mercantilização
digital que começam a fundir-se aos novos territórios da vida social.
No
entanto, a Covid 19, escancarou a desigualdade social em nosso país, considerando
que nem todos tinham a escolha de “ficar em casa”, pessoas “invisíveis”
(moradores de rua). O governo de repente, “percebeu” que existiam um grupo de
menos favorecidos a mercê do vírus e de todas as mazelas, com vários problemas
de saúde e com grandes dificuldades de encontrar abrigos e alimentos, já que
todos os estabelecimentos estavam fechados. Outros até possuem residências,
porém sem nenhuma estrutura, com problemas de higiene básica, saneamento e
espaço, vivem em aglomerações, impossibilitando praticar o distanciamento
social, sem contar, com a possibilidade de um dos moradores se contagiarem e
não terem como ficar isolados, propagando assim, o vírus a todos os outros
moradores.
As
desigualdades vão muito mais além, os aspectos sociais dialogam pouco com as
questões de igualdade, o rico em seu lugar de fala, de certa forma até gostou
da quarentena, mas os menos favorecidos, nem se quer conseguiram continuar com
seus estudos, a pandemia nos trouxe a visualização de uma realidade dura e
cruel, que atinge principalmente os estudantes da escola pública. Com a
implantação das aulas síncronas, foi possível ter a dimensão das dificuldades
encontradas por esses discentes. Esses estudantes estão tentando se adequar a
um mundo ao qual não se sentem inseridos, visto que para se conseguirem um aprendizado
satisfatório, é necessário ter equipamentos como smartphone, notebook e
internet de qualidade. Além disso, para um bom desempenho escolar, carecem de
um ambiente adequado em suas residências, o que nem sempre é possível, outro
fator desestimulante é o fato de que muitos deles ajudam nas tarefas de casa,
cuidam de seus irmãos para os pais trabalhares, e assim por diante. E para
completar esse cenário, a falta de conhecimento didático dos pais para
acompanhar e orientar seus filhos nas atividades.
De
acordo com Hall (2013), a identificação cultural molda a história das culturas
modernas. A este deslocamento das identidades sobrepostas, mais especificamente
desde a virada do século XX tem sido sistematizado pelo termo globalização.
Estas novas combinações entre espaço-mundo, que atravessa fronteiras nacionais,
integram comunidades e organizações, tornando o mundo em uma nova experiência
interconectada. A globalização implica
em um movimento da ordenação do tempo e do espaço, e como fenômeno que promove
a autonomia, está inerentemente ligada a modernidade (HALL, 2015, p. 39).
Ao
investigar as culturas que orbitam estes cenários globalizantes, Canclini
(2003) já assinalava algumas tendências que se mostram como possíveis soluções
para as sociabilidades deste momento.
Tendências como o isolamento social para uma vida do público em favor do
privado, do nacional em favor do transnacional, se acentuaram e processos novos
colaboram nessa reorientação, sendo a digitalização, a midiatização dos
conteúdos, a nova audiência digital ainda mais popularizada pelas transmissões
ao vivo nas redes sociais, a nova forma de circulação do dinheiro e os novos
hábitos de consumo e produção de bens e serviços. O crescimento dos mercados
informais, a precarização de algumas esferas do trabalho e em sua maior
totalidade as grandes mudanças econômicas e social são consequências fundantes
de uma provável revolução social causada pelo novo coronavirus.
Estamos
diante de uma mudança que cria outras percepções inventivas nas formas de viver
ao mesmo tempo que se agravam os abalos na vida das pessoas em todas as
dimensões sociais. Recriar e reaprender
são formas de superar ou sobreviver neste período de mudanças comportamentais
profundas.
Referências:
*CANCLINI, Néstor García.
Culturas Híbridas: Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade. São Paulo,
Edusp, 2003
HALL, Stuart. A
identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva &.
Guaciara Lopes Louro. Rio de. Janeiro: Lamparina, 2014.
O texto está bem escrito, de forma geral. Possui uma ideia central - desigualdade social - porém não consegue articular totalmente com os outros argumentos apresentados. Faltou um pouco de conexão. Fica a dica para o próximo exercício.
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