OS
ATRAVESSAMENTOS CULTURAIS EM TEMPOS DE COVID 19
Ana Paula de Almeida
Atílio Viviani Neto
Hanna Thryccia de
Almeida Oliveira
Jill Margarete
Rodrigues Feitosa de Sousa Santos
Faz-se de fundamental importância
ressaltar, inicialmente, a importância do setor cultural enquanto um eixo
economicamente estratégico, tanto no que tange a quantidade de pessoas que nele
trabalham, quanto a respeito das iniciativas de formação de plateia, que a cada
ano se mostram mais elaboradas. Além da quebra financeira, os cancelamentos de
eventos tiveram um impacto psicológico muito grande sobre artistas em geral.
Embora o distanciamento social seja fortalecedor em teoria, ele também pode
parecer enfraquecedor como uma realidade psicológica devido à solidão,
inquietação e pânico que surgem com o passar dos dias lentos e incertos.
As artes expressivas fornecem um antídoto suplementar e
fortalecedor para essa crise de saúde. A arte está disponível para todas
as pessoas participarem como uma espécie de "vacina" testada e
comprovada, trabalhando sua mágica terapêutica para proteger a saúde física,
social e mental da espécie humana enquanto lutamos juntos para confrontar o
COVID-19 com distância e solidariedade simultâneas.
Como forma terapêutica de arte, a música também oferece esse
poder de ligação. Historicamente, a música tem sido usada pelas pessoas
para se manterem motivadas, resilientes e unidas em face do desafio coletivo, A
música também pode amenizar o estresse infligido pelo distanciamento social e a
pandemia COVID-19 ao acalmar o sistema nervoso autônomo por meio do ritmo e da
melodia (Thoma et al., 2013).
A Lei Aldir Blanc se destina a prestar
auxílio financeiro em caráter emergencial para as seguintes categorias: I)
trabalhadores e trabalhadoras da cultura (incluindo artistas, produtores,
curadores, oficineiros e professores de escolas de artes assim devidamente
reconhecidas); II) micro e pequenas empresas culturais; III) organizações comunitárias
culturais; IV) espaços culturais da sociedade civil e V) cooperativas e
instituições culturais. Assim, o valor total se origina do superávit do
Fundo Nacional de Cultura que foi apurado até 31 de dezembro de 2019,
somado em R$ 3 bilhões, mediante transferências da União a Estados, Distrito
Federal e Municípios (art. 2°).
Desta forma, tem-se ainda a Medida
Provisória n°96/2020, que atuará – por meio do cadastro dos trabalhadores da
cultura a ser realizado pelos Estados e Municípios – em caráter complementar à
Lei Aldir Blanc, determinando o repasse de três parcelas de R$600,00 para os
trabalhadores e trabalhadoras da cultura, a título de renda emergencial, em
virtude da interrupção de suas atividades profissionais devido ao isolamento
social. Além disto, determina ainda o subsídio mensal de 3 a 10 mil reais
voltados à manutenção de ambientes culturais (art. 7°). Nesta perspectiva,
frise-se que o montante previsto pela lei (R$3 bilhões) será gerido mediante
execução descentralizada por intermédio dos estados e municípios, a serem
divididos da seguinte maneira: 1,5 bilhão repassado aos estados (80% via
critério populacional + 20% via Fundo de Participação dos Estados – FPE) e 1,5
bilhão repassado aos municípios (80% via critério populacional + 20% via Fundo
de Participação dos Municípios – FPM).
Por fim, os estados e municípios têm, a
partir da sanção da lei, o prazo aberto para a formulação e implementação de
editais de fomento direto, além do cadastramento dos trabalhadores e
trabalhadoras da cultura, bem como os centros culturais locais que, até o
momento, será realizado segundo a própria curadoria de cada ente federado, para
que possam cumprir o cronograma de pagamento, cuja abertura da plataforma
nacional de inscrição se dá, em tese, no dia 25 de julho, seguindo aberta para
que os valores possam ser creditados a partir do dia 06 de agosto, trabalhando
para cumprir o cronograma de pagamento que prevê a segunda metade de agosto
como data limite para que todos os valores sejam creditados.
Esse
auxílio destinado aos trabalhadores do setor cultural ajudará a fomentar a
cultura, incentivando os artistas e disponibilizando recursos para que eles se
mantenham durante o período. O setor artístico/ cultural é essencial para o
homem, a arte está intrínseca em todos, e manter a cultura local apoiando
artistas é uma das maneiras mais eficientes de se preservar a chama cultural
acesa.
Mesmo com
museus, exposições, shows e apresentações fechados ou suspensos as pessoas
encontraram formas de se conectar com a cultura através das redes sociais,
museus fizeram exposições on-line, artistas fizeram lives, e muitas
outras produções virtuais, rompendo as paredes da tecnologia e mostrando novas
formas de se transmitir a cultura.
Em um momento
de isolamento o acesso a arte pode ser um refúgio para alguns, mas também
devemos pensar naqueles que por falta de recursos ou por desinformação fica
impossibilitado de acessar esses conteúdos de forma virtual, até que ponto a
cultura está sendo acessível? Se analisado, qual é a parcela da população que
possui acesso a esses eventos on-line?
A cultura
também afeta diretamente na economia, os setores culturais e criativos no
Brasil movimentam R$ 171,5 bilhões por ano, o equivalente a 2,61% de toda a
riqueza nacional, empregando 837,2 mil profissionais. Anteriormente à pandemia,
estava previsto esses setores gerassem R$ 43,7 bilhões para o PIB brasileiro
até 2021. Ainda é necessário realizar pesquisar aprofundadas para avaliar os impactos
culturais e como eles refletem em outros campos da vida do homem.
Leandro
Valiati em uma entrevista para o jornal El País discute sobre a transição para
o digital “Se não garantirmos sua sobrevivência, quando tudo está migrando para
o digital, vamos perder parte de nossa riqueza cultural. A política pública tem
que dar conta dessa exclusão digital. Todo o fluxo do turismo que ajudava a
sustentar parte da cultura popular foi parado. Por isso, são necessárias
políticas para garantir um equilíbrio no mercado. Pensar, por exemplo, em como
taxar as plataformas de streaming para financiar a cultura popular”.
Nesse quesito
deve se pensar também que as lives, funcionam de forma mais eficaz para
aqueles artistas já consolidados, que conseguem patrocínios, e o pequeno
artista? Como ele fica? Antes disso o artista precisa viver, ele é um ser
humano assim como todo mundo e não vive de fotossíntese. Enquanto não há vacina nem cura só devemos
esperar que a ciência e a arte nos salve.
Trata de diversos pontos da questão, incluíndo o descaso político com os profissionais da arte e o impacto econômico da desativação deste setor, conjugando com informações sobre o potencial terapêutico da arte. Gostei da sensibilidade
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