Reflexão sobre a cultura, suas mazelas e ressignificações
Acimar Magalhães
José Henrique Monteiro
Naiane Gonçalves
Dada a temática: atravessamentos culturais que
permeiam a Pandemia por Covid-19; pretende-se aqui ousar em algumas reflexões
em torno daquilo que conhecemos como Cultura. Para além de conceitos teóricos e
bibliográficos deseja-se um simples ensaio de pensamento elaborativo sobre o
tema proposto. Pode-se pensar em Cultura enquanto toda a coletânea e
complexidade de hábitos, crenças, costumes e modos de existir que a raça humana
produziu, ao longo de toda a sua História; as culturas são fragmentos das mais
variadas formas de manifestação dos seres humanos frente aos desafios e
limitações humanas. A exemplo temos as tecnologias humanas, inventadas a partir
de limitações e necessidades práticas no decorrer de seu desenvolvimento; por
não ter asas e não poder voar naturalmente e frente a necessidade de rápida
locomoção, o animal humano, desenvolveu máquinas voadoras e tantas outras
próteses como meio de lidar com sua finita e limitada existência; entre essas
milhares de variedades de “próteses” podem ser exemplificado um simples lápis,
um arco e flecha, até um dispositivo de ativação de uma lâmpada, conhecido como
interruptor. Mas o que isso tem a ver com as culturas humanas? Bem, uma vez que
toda a produção humana é resultado do cultivar, do cultuar ou do “culturar”,
então o ser humano é cultura em toda sua expressão. Porém as manifestações culturais
iniciaram remotamente pelas necessidades básicas, como utilizar uma pedra para
quebrar um coco; com essa mesma pedra afiada, cria-se um instrumento; tal
instrumento é nomeado, a linguagem começa a aparecer. Na junção da linguagem e
do instrumento criam-se culturas para sobrevivência. Uma vez dando conta de
estocar e reter os itens básicos de sobrevivência, tal ser passou a ter tempo
para outros “culturamentos” como rabiscar, fazer armas, observas as estrelas,
os tempos, as estações, brincar e se entreter. É importante lembrar o setor
cultural no Brasil está em crise. Daí
também o egocentrismo é produzido, uma vez que retém e guarda, passa a
constituir o medo secundário da perda dos objetos; daí nascem as guerras
tribais e futuramente a propriedade privada; a subordinação, os abusos e a
ganância. Com a ganância institui-se novas culturas (culturas de manipulação,
destruição e destituição da natureza). Surgem as vilas,
os genos, as pólis, os estados nacionais, as pestes, a fome a desolação. Sim!
Uma vez ignorado o equilíbrio da natureza e forjado civilizatoriamente
processos secundários e terciários de manipulação de objetos extraídos dessa,
artificializa-se e surgem culturas que também inventam e produzem mazelas e
moléstias.Com a chegada da crise pandêmica da Covid 19, a crise no setor se
aprofunda ainda mais. Mesmo aqueles que ainda tinham recursos para continuar
trabalhando tiveram que parar ou se adaptar à nova situação rapidamente. O
cenário não poderia ser mais devastador ao olhar fora do domicilio e ver as
atividades culturais sofrerem com o advento da pandemia, em razão do isolamento
social. “Podemos dizer que se trata de um setor que teve praticamente 100% de
suas atividades paralisadas em decorrência da pandemia de Covid19, já que elas
envolve aglomeração. Não podemos nos cansar de repetir que Covid-19 é mais uma
produção infeliz e desgraçada da Cultura Humana em seu ápice de perversidade e
egoísmo. Se houve nomeação de um fenômeno chamado Covid-19, talvez não falte
muito tempo para que surjam os Covid’s- 21, 30 e tantas outras nomeações e
produções que a raça humana em toda a sua complexidade é capaz de realizar. Desde o início da crise
econômica global, e principalmente a partir de 2011, temos sentido na sociedade
a diminuição drástica de recursos no setor, seja em termos de investimentos
públicos, seja nos investimentos privados, não fazendo escolha mais sim em um
todo. Chegamos
ao ano de 2020 com um setor fragilizado e com o pior índice de investimentos
dos últimos 30 anos. Somado a isso, a extinção do Ministério da Cultura, em
2016 e novamente em 2018, evidencia nosso grave momento. Projetos parados no meio, teatros fechados,
patrocínios bloqueados e contratos encerrados foram acontecendo como um tsunami
em todos os níveis do setor cultural. Mas é preciso também atentarmos para
outros aspectos da Cultura. Os aspectos de elaboração, de nova consciência, a
capacidade de se arrepender, de amar e se relacionar visando o bem comum. Suas
variadas formas de arte como instrumento de resistência e reflexão para que
possa em tese rever suas veredas históricas, culturais e comportamentais. Os
primeiros a sentirem a gravidade desta crise foram os trabalhadores da cultura
informais, os técnicos e os desde sempre mais precarizados. Sem alguma garantia
salarial, ou mesmo sem uma reserva ou perspectiva de recebimento de recursos
via projetos consistentes, boa parte do setor, de um dia para o outro, passou a
integrar a grande fatia da população desempregada e sem renda alguma. As produções que militam contra a indústria da morte;
os grupos culturais que levantam a bandeira da vida, das minorias e das
diversidades. Os olhares antropológicos, e sociológicos e humanistas que
reafirmam a urgência necessidade da tolerância frente às diferenças e
multiplicidades. Os primeiros a sentirem a gravidade desta
crise foram os trabalhadores da cultura informais, os técnicos e os desde
sempre mais precarizados. Sem alguma garantia salarial, ou mesmo sem uma
reserva ou perspectiva de recebimento de recursos via projetos consistentes,
boa parte do setor, de um dia para o outro, passou a integrar a grande fatia da
população desempregada e sem renda alguma. As
artes, pelas vias da música, do cinema e das artes plásticas nos provoca
culturalmente a um repensar e um ressignificar de nossa própria cultura e modos
mais saudáveis de fazer o Mundo.
Sem fugir do estilo proposto - opinião jornalística - o grupo consegue relacionar o atravessamento da semana com um aspecto muito concreto: a dificuldade financeira pela qual estão passando os trabalhadores do setor da cultura. Reflexão muito importante
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